terça-feira, 12 de abril de 2011

Em um sonho qualquer, perto do mais belo de todos os devaneios...

“Isso não vai acabar nunca?” Perguntei-me inutilmente pela décima vez em meia hora.
Coloquei a taça de cristal ainda com refrigerante na primeira mesinha que encontrei. Para pessimistas como Helen, a taça estaria meio vazia. Para uma otimista bobinha como a Tiffany, a taça estaria meio cheia. Para mim, o jeito de falar não vai mudar em nada o fato de a taça estar pela metade. Olhei demoradamente para a taça, pensando sobre isso até perceber que estava parada no meio de uma festa cheia de pessoas estranhas, olhando uma taça com refrigerante como se fosse algo que merecesse toda atenção daquela noite. Ótimo, agora iriam olhar pra mim e começar a fofocar como sempre fazem quando acontece qualquer coisa fora dos padrões de normalidade numa festa cheia de adolescentes da alta sociedade.
Eu sabia que tinha sido uma tola ao aceitar o convite para vir no aniversario da prima mais nova da Tiff, que também era amiga do meu... Pai. No momento em que me convidaram, eu fiquei maravilhada imaginando vestidos lindíssimos, uma decoração perfeita com flores multicoloridas e pessoas elegantes, inteligentes, com assuntos muito diversos e conteúdo nos assuntos. Até fiquei apreensiva por achar que seria humilhada perante aquelas garotas que nasceram em berço de ouro e foram acostumadas com essas festas em que as regras de etiqueta eram mais que leis, e que também sabiam escolher as roupas adequadas, combinar maquiagem, sapatos, acessórios, tudo! Resumindo, estava receosa de ficar aos pés de deusas perfeitas.
Olhei em volta pra ver se alguém tinha notado meu repentino fascínio pela taça, e pareceu que ninguém tinha tirado alguns segundos de seu tempo precioso para reparar no que eu estava fazendo. Suspirei. Por um lado era um alívio perceber que meus receios para com a festa eram totalmente sem sentido, e também era uma decepção, pois eu superestimei essas adolescentes. Andei até a porta mais próxima para sentar sozinha no jardim, e prestei atenção nas conversas baixas. Compras, marcas, namoros, historias da vida de outras pessoas... Será que todos esses adolescentes eram burros e superficiais como aparentavam? E eu fui tão infantil a ponto de esperar algo diferente de jovens, como se dependendo do ambiente em que crescessem fossem menos afetados pela mídia, mas parecia que os assuntos não variavam, estivesse eu neste aniversário, ou em outro aniversário qualquer com escravos da moda e do consumismo.
Fiquei um tempo do lado de fora esperando Helen me ligar, seria a única salvação para aquela noite inteira perdida. Onde será que ela estaria com Tiffany? Estavam muito atrasadas. Certo, até poderiam seguir aquela regra de pessoas populares que nunca são as primeiras a chegar na festa, mas uma hora e meia de demora era um pouco demais.  Olhei pelo vidro da porta para saber o que acontecia dentro da casa. Parecia que as poucas pessoas que ali se encontravam estavam se divertindo apenas conversando sobre nada. Prestei mais atenção nos vestidos das garotas. Eram lindos se fossem vistos separadamente, mas o fato de vestidos com ombros nus ou com amarrações no pescoço estarem na moda fazia com que ficassem ridículas todas as roupas parecidas. Só mudavam as cores. Ou nem mudavam tanto já que eram azuis, vermelhos ou verdes em sua maioria. As exceções eram tão poucas que dava pra contar nos dedos. E mesmo sendo de cores diferentes, eram em tonalidades tão parecidas com as demais que nem se destacavam. Se diminuíssem um pouco a luz seria difícil dizer quem vestia roxo, quem vestia azul.



P.S: Minha historinha. Espero que as pessoas gostem, vou começar a postar umas narrativas e crônicas aqui. Afinal, como a dedicada aluna de J.L. que sou, não posso ficar na normose (?)

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